O Botafogo não é um clube maior nem menor do que nenhum outro. É apenas diferente. E essa é a sua maior glória e seu incomparável fascínio.” (João Lyra Filho).
De fato, não há outra história similar em nenhum outro clube esportivo do mundo, nem mesmo naqueles incluídos juntamente com o Botafogo na lista da FIFA entre os 12 maiores do Século XX. E essa história movida à paixão, e que no dia 1 de julho completa nada menos que 115 anos, não começou nos campos de pelada ou nos incipientes gramados dos bairros ou subúrbios do Rio de Janeiro, mas sim no mar, nas águas da famosa Baía de Guanabara. O ano era 1894.
Os 16 fundadores do Club de Regatas Botafogo, que posteriormente viria a se fundir com o Botafogo Football Club, fundado em 12 de agosto de 1904, no dia 8 de dezembro de 1942, originando o glorioso Botafogo de Futebol e Regatas, em sua primeira reunião já deram o toque de paixão e emoção que se tornariam a marca inconfundível do alvinegro da Estrela Solitária: não se esqueceram daquele que na verdade foi o líder e idealizador do novo clube, orgulho não só da Cidade Maravilhosa, mas de toda uma nação: Luiz Caldas, o “Almirante”.
Caldas, um militante radical, defensor da Monarquia, que havia sido preso em 1893 por combater a República proclamada em 1889, como na vida pública era um remador apaixonado do Club Guanabarense. Mas, inconformado com o ambiente que imperava em seu clube, criou uma dissidência a qual chamou de Grupo de Regatas Botafogo. Porém não chegou a ver a realização de seu sonho: a morte o levou uma semana antes do nascimento do Club de Regatas Botafogo, em 23 de junho de 1894.
É esse o clube que logo se tornaria o primeiro a conquistar um título de campeão brasileiro em qualquer esporte:o de Campeão Brasileiro de Remo em 1902, quando seu remador de canoé (barco de um só atleta), Antonio Mendes de Oliveira Castro ganhou a principal prova da competição, realizada no Rio, no dia 31 de outubro. Antonio viria depois a se tornar um dos presidentes do Club de Regatas Botafogo.
Se o primeiro título nacional veio em 1902, a primeira medalha ganha pelo Botafogo em sua história, chegou bem antes, em 1895 com a guarnição Etincelle – Baleeira a 6 remos. As primeiras e imortais glórias do Botafogo no final do século XIX e início do século XX levou o apaixonado torcedor, companheiro de boemia do grande benemérito Antonio de Oliveira Castro, o poeta Olavo Bilac, a extravasar seu fanatismo pelo Botafogo através de cartões postais enviados ao amigo e no batismo da Baleeira Salamina, em 28 de abril de 1910 (ganhadora de várias provas), quando trazendo a mão uma flâmula alvinegra pronunciou uma frase histórica:
“Eu te batizo Salamina para o mar e para a glória”.
Hoje, portanto, ao ver o Glorioso Botafogo completar 115 anos de vida, busquemos todos que o amamos, nos inspiremos naqueles que o fizeram atravessar mais de um século superando mares revoltos, tempestades, cruzando linhas de chegada em primeiro lugar a transmitir a mensagem por eles legada: vamos nos unir cada vez mais, não importa pensamentos diferentes, para que o brilho de nossa estrela, o calor de nossa paixão, não se apague nunca, não nos leve para o fundo do mar.