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Botafogo Campeão Carioca invicto de 89

O dia 21 de junho é uma data que entrou para a história gloriosa do Botafogo. O ano era o de 1989, uma quarta-feira. O time dirigido pelo técnico Valdir Espinosa pisou o gramado do estádio Mário Filho, o Maracanã, determinado a não deixar passar daquela noite a coroação de uma campanha que  apesar do sofrimento em alguns dos 23 jogos disputados até chegar aquele momento, não conhecia o amargo sabor de uma derrota. . Mesmo sabendo que pela frente teria novamente o poderoso time do Flamengo, formado por craques consagrados como Zico, Jorginho, Leonardo, Renato, Aldair, Bebeto, Zinho, Zé Carlos e outros.

Todos acostumados a decidir e ganhar títulos naquela década. E, justamente por isso, apontado pela crônica como grande favorito, desde o primeiro jogo da decisão, realizado no domingo anterior (dia 18) e que terminara zero a zero. O campeão seria o que primeiro somasse quatro pontos.

A torcida rubro-negra chegou ao Maracanã confiante e certa de que o “timinho” do Botafogo certamente não iria voltar a resistir à inquestionável superioridade de seu time de estrelas, que o gol seria uma questão de tempo. A do Botafogo, (parecia que todos os botafoguenses, vivos e mortos, de todos os recantos do país e do mundo estavam lá), porém, não se intimidou. Ao contrário, sentia algo estranho muito forte no ar, como se fosse um bálsamo, uma mensagem vinda do céu: naquela noite a estrela que iria brilhar era uma só, a estrela solitária do Glorioso.

O jogo, como todos os encontros entre Botafogo e Flamengo, era nervoso, tenso, respeitoso.  O Botafogo, mais fechado e cauteloso, esperando uma brecha para contra-atacar. O Flamengo com mais domínio de bola, mais toque. Chances claras de gol no primeiro tempo, poucas.

O segundo tempo foi outro jogo. O Flamengo apertou o cerco, mas a defesa do Botafogo, o goleiro Ricardo Cruz, os super zagueiros Mauro Galvão e Wilson Gottardo seus guerreiros do meio de campo, Luisinho, Vitor, Carlos Alberto Santos, apertavam a marcação e respondiam em perigosos contra-ataques. A tensão aumentava a cada minuto, a cada ataque, de um lado e de outro.

Até que aos 12 minutos, o sonho alvinegro começou a se tornar realidade, delírio, felicidade: Marquinhos cobrou um lateral para Luisinho, este tocou na esquerda para Mazolinha, que entrara em lugar de Gustavo. O ponta avançou e cruzou para a direita, onde Maurício chegava acompanhando a jogada, perseguido por Leonardo; mais ágil que o lateral, o camisa sete alvinegro emendou de primeira e a bola entrou no canto, sem chance para o goleiro Zé Carlos. Botafogo 1 , Flamengo 0.

O delírio tomou conta dos alvinegros.  Foram mais de 35 minutos de angústia, nervosismo, loucura, ao mesmo tempo seguidos de uma fé inabalável que se irradiava até ao gramado como um combustível a incendiar ainda mais os corações e os corpos dos onze heróis alvinegros que seguravam a vantagem obtida com o gol solitário de Maurício. Até aparecer no placar iluminado do Maracanã: Botafogo campeão carioca invicto de 1989. 

O time campeão: Ricardo Cruz, Josimar, Wilson Gottardo, Mauro Galvão e Marquinhos: Carlos Alberto Santos, Luisinho e Victor; Maurício, Paulinho Criciúma e Gustavo (Mazolinha). Técnico: Valdir Espinosa
O time vice campeão: Zé Carlos, Jorginho, Aldair, Zé Carlos II e Leonardo; Ailton, Renato e Zico (Marquinhos); Alcindo (Sérgio Araujo), Bebeto e Zinho. Técnico: Zagallo.
A campanha:

Primeiro turno (Taça Guanabara)
Botafogo 1 x 0 América
Botafogo 3 x 0 Nova Cidade
Botafogo 1 x Flamengo
Botafogo 1 x 1 Volta Redonda
Botafogo 0 x 0 Vasco
Botafogo 1 x 1 Olaria
Botafogo 2 x 0 Cabofriense
Botafogo 4 x 0 Porto Alegre
Botafogo 2 x 0 Americano
Botafogo 0 x 0 Fluminense
Botafogo 2 x 0 Bangu
 
Segundo Turno (Taça Rio)
Botafogo 2 x 0 Nova Cidade
Botafogo 1 x 0 América
Botafogo 3 x 3 Flamengo
Botafogo 1 x 1 Vasco
Botafogo 2 x 1 Volta Redonda
Botafogo 2 x 2 Fluminense
Botafogo 2 x 0 Cabofriense
Botafogo 2 x 1 Porto Alegre
Botafogo 1 x 0 Americano
Botafogo 1 x 0 Olaria
Botafogo  0 x 0 Bangu
 
Finais:
Botafogo 0 x 0 Flamengo
Botafogo 1 x 0 Flamengo
 
Resumo:
24 jogos – 15 vitórias, 9 empates
Gols Pró: 37
Gols contra: 11
 Principais artilheiros:
Paulinho Criciúma: 10 gols
Maurício: 9 gols



José Antônio Gerheim