O Botafogo está mais uma vez numa decisão em pleno carnaval. E mais uma vez terá na semifinal da Taça Guanabara, na quarta-feira de cinzas, como adversário, seu mais antigo rival do futebol carioca, o Fluminense, numa reedição daquele que desde 1906 ganhou o nome de Clássico Vovô, por ser o mais antigo não só do Rio, mas do futebol brasileiro.
E Botafogo e Fluminense nos remete à história dos grandes artilheiros alvinegros, uma relação que começa em ordem cronológica por Flávio da Silva Ramos, seu primeiro presidente, craque e fundador, prossegue com Abelardo, Gilbert Hime, Nilo, Carvalho Leite, Heleno, Dino da Costa, Vinicius, Paulinho Valentim, Quarentinha (o maior de todos), Amarildo, Jairzinho, Roberto Miranda, Túlio, Dodô e outros e que hoje parece estar bem entregue a Vitor Simões.
Releção, porém, que não pode omitir nomes como o do maior craque do Glorioso, o maior ponta direita do futebol mundial, o genial Mané Garrincha que vestindo a camisa preta e branca deixou sua marca nas redes adversárias nada menos que 242 vezes em 612 jogos. Ou ainda craques como os meias Mendonça (118 gols), Geninho (115), Didi (114), Zezinho (110), Pascoal (104) e Patesko (102). Gerson dos anos dourados de 67/69 chegou perto dos 100 gols pelo Botafogo: marcou 96.
Cada um desses artilheiros tem sua peculariedade, suas conquistas, seus nomes ligados para todo o sempre ao Botafogo.Histórias feitas de gols, de amor, mas também de momentos de sofrimento.Nenhum delss, porém, tão polêmico como o que hoje, 20 de fevereiro, véspera do carnaval, como em todos os anos, continua sendo reverenciado, relembrado, comemorado, na bucólica cidade mineira de São João Nepomuceno, onde nasceu no ano de 1920, miis precisamente no dia 12 de fevereiro. Heleno era filho de um rico e próspero comerciante e plantador de café, o que lhe proporcionou ao contrário da maioria de seus companheiros jogadores uma infância e adolescência de menino rico. Mas um menino rico com imenso e raro talento para jogar bole, para fazer gols.
Talento que foi descoberto pelo lendário Neném Prancha nas areias da praia de Copacabana, freqiuentada por Heleno e toda sua família nas férias de verão e depois de forma definitiva a partir de 1933, quando ele já havia sido levado por Neném para os juvenis do Botafogo. Mas por problemas financeiros o Botafogo extinguiu sua escolinha de futebol em 1936 e Heleno foi então parar no Fluminense, a convite do famoso Preguinho, lendáriio artilheiro tricolor.
No Fluminense, porém, Heleno não era feliz. Inquieto, rebelde, não esquecia sua paixão pelo Botafogo e seu desejo de voltar a General Severiano. O que acabou conseguindo em 1939, já profissional. Endeusado pelas mulheres alvinegras, o craque galã, como era conhecido, era um osso atravessado na garganta dos tricolores, que por isso o chamavam de Gilda, uma personagem famosoa vivida pela bela atriz americana Rita Hayworth, no cinema. Heleno às vezes se irritava com a provocação, mas na maioria dleas, preferia responder com gols e mais gols.
O lado irônico dessa história de amor entre Heleno e o Botafogo é que de 1939 a 1947, embora marcasse 207 gols com a camisa nove da Estrela Solitária, Heleno não viu seu clube ganhar um só título carioca. Apenas vice-campeonatos. E justamente quando ele deixou para sempre General Severiano, o Botafogo conquistou o título de 1948. Em seu lugar estava Silvio Pirilo, que viera do Flamengo para formar o famoso ataque Paraguaio, Geninho, Pirilo, Octávio e Braguinha.
Esses são os maiores goleadores da história do Botafogo:
Quarentinha (313); Carvalho Leite (275); Garrincha (242); Heleno de Freitas (207); Jairzinho (189); Nilo Murtinho Braga (185), Octávio de Moraes (171); Túlio (155); Roberto Miranda (152), Dino Costa (138).
José Antonio Gerheim
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