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O Canhão de General

Uma das maiores atuações do camisa 10 mais talentoso e também o maior artilheiro da famosa galeria de goleadores do Glorioso foi na final do Torneio Rio-São Paulo de 1962, no Maracanã entre as academias de futebol do Botafogo e do Palmeiras: Quarentinha fez gol, criou jogadas geniais e ao lado de Garrincha, Didi, Amarildo, Zagallo, Manga, Nilton Santos, Rildo, Zé Maria, Joel, Pampolini, levou o campeão carioca a ganhar o primeiro de seus quatro títulos da competição que reunia os clubes dos dois maiores cenários do futebol brasileiro (os outros foram em1964, 66 e 98).
 
Não foi um jogo qualquer, mas quem teve a felicidade ver, testemunhou o esplendor do futebol arte naquela noite de 17 de março, pois mesmo derrotada a Academia do Parque Antártica também desfilou toda sua categoria no gramado do templo do futebol. Mas pouco para superar o Botafogo de Quarenta e Mané.
 
Busquei essa imagem para lembrar com saudade daquele que com 11 gols foi o artilheiro do torneio naquele ano. Aliás, não só daquele ano, mas o maior da história da competição com 36 gols. Saudade que já dura 13 anos, pois Quarentinha nos deixou no dia 11 de fevereiro de 1996. Ele que com seus 313 gols em 446 partidas é até hoje o maior goleador da história do Botafogo.
 
Sua vida está, aliás, muito bem retratada no excelente livro escrito por Rafael Case e editado por César Oliveira, por sinal, dois alvinegros loucos e fanáticos como todos nós, “Quarentinha, o craque que não sorria”. Isso porque, por mais bonito que fosse o gol que ele fazia, Quarenta não comemorava, achava isso a coisa mais banal do mundo, ou uma obrigação de qualquer atacante digno do nome.
 
Quarenta é também até hoje o atacante com a mais alta média de gols da Seleção Brasileira: 17 gols em 17 partidas, ou seja um por jogo. Sua maior dor e frustração foi o corte injusto e cruel da seleção que iria conquistar o bi mundial no Chile justamente naquele ano de 1962. Ele perdeu no último instante a vaga para Coutinho que era apadrinhado de Pelé. Mas, por ironia do destino, Pelé só jogou a primeira partida contra o México e dez minutos da segunda, contra a Tchecoslováquia. Saiu contundido e foi substituído por outro botafoguense, Amarildo, que deixou Coutinho no banco de reservas, ao entrar contra a Espanha, marcar dois gols em jogadas geniais de Garrincha e virar o jogo para 2 a 1. Daí em diante Amarildo jogou todas as partidas até a final com os tchecos.
 
É desse Quarenta que lembramos hoje, saudosos,  mas também com aquela alegria e orgulho dele ter sido o “Canhão de General Severiano”, tal a potência de seus chutes de esquerda e de direita, pois ele usava com precisão os dois pés.
 
Números:
 
Em toda sua carreira iniciada no Paysandu de Belém do Pará, o baiano Quarentinha marcou 488 gols pelos times em que atuou no Brasil e na Colômbia, onde é reverenciado até hoje como o maior atacante que por lá passou:
 
Botafogo: 313
Unión Magdalena (Col): 40
Paysandu: 33
Vitória da Bahia :25
Bonsucesso:18
Seleção Brasileira: 17
Atlético Junior (Col): 12
Deportivo Cali (Col) : 11
Seleção da Bahia: 8
América de Joinville (SC): 7
Almirante Barroso (SC): 2
 
Seleção Carioca: 2



José Antônio Gerheim